quinta-feira, 2 de abril de 2009

A boa (?) e velha...

Engraçado...Toda vez que o assunto da pena de morte vem à tona, alguém surge com a velha: "E o que você faria se fosse seu irmão, a vítima? Não desejaria que o assassino dele morresse?"
"Sim, estimado defensor da pena de morte, eu desejaria que ele morresse.Desejaria que morresse, tentaria entrar em contato, conversar durante alguns minutos, e, no caso de não obter justificativa satisfatória, espancá-lo-ia até que ele morresse, ou até que eu fosse acometido pela compaixão. Isso, porque, estando sem um pingo de discernimento, eu abriria mão de todos os meus valores. Esqueceria de tudo aquilo em que eu acredito, e enlouqueceria, provavelmente. Me tornaria uma casca vazia, por assim dizer."
Não é isso?
Interessante. Se o mundo fosse habitado por pessoas como a que EU me tornaria se machucassem o meu irmão, a coisa estaria feia.
Mas olha só....
"E você, senhor defensor da pena de morte? Já reparou que ao usar esse argumento, está na verdade, perguntando o que a pessoa faria no caso de perder todos os seus valores e se transformar em uma casca vazia? Perguntar o que o INDIVÍDUO faria nessa situação é quase redundante. A resposta será, invariavelmente, a mesma. Pessoas que perdem pessoas perdem também boa parte da capacidade de julgamento. Perdem valores. Perdem crenças. Perdem o respeito à vida. E, sinceramente, eu não acho que sejam elas as mais indicadas para opinar sobre a pena de morte." Portanto, prezado interlocutor, não venha me perguntar o que EU faria em uma situação extrema. Será o mesmo que indagar: "Se você fosse uma pessoa sem valores, ou SEM RESPEITO À VIDA, você seria a favor da pena de morte?"
Nesse caso, sim, senhor interlocutor, eu seria.
Eu seria.